[Num distante 11 de Setembro, nos fins do Século XIX, nasceu a
pequena Maria Deodorina. Batizada em Itacarambi, nasceu para o dever de
guerrear e nunca ter medo. Maria Deodorina da Fé Bettancourt Marins é o nome
completo da personagem Diadorim, amor secreto do circunspecto e reflexivo
Riobaldo, ou do jagunço Reinaldo, companheiro de armas do bando de Joca Ramiro.
Por coincidência, ou por alguma outra razão oculta na mente do
genial Guimarães Rosa, Diadorim nasceu justamente no dia do Cerrado. E,
portadora de uma rara sensibilidade, Diadorim conseguia enternecer o coração do
jagunço matador de gente com os brilhos da noite, a beleza das muitas flores e
a alegria das aves. Se Riobaldo passou a enxergar a beleza do Sertão, muito se
deveu à maneira como os olhos verdes de Diadorim viam o verde do mundo, mesmo
em uma realidade de sangue e ódio.
Embora muitas pessoas ainda imaginem que o Romance Grande
Sertão: Veredas tenha como cenário o semiárido (talvez pelo uso do termo
“Sertão”), praticamente todo o enredo se passa nos Cerrados de Minas Gerais,
com incursões na Bahia e em Goiás. Sertão era o ermo, a solidão. Na cosmologia
Rosiana, o Sertão é o âmago do coração, o ermo dos sentimentos, o isolamento da
alma, a sequidão da existência, enquanto as Veredas são os caminhos que
permitem que esse interior oculto e sombrio seja alcançado, tocado e refrescado
pelas águas cristalinas que alegram a alma e nutrem os buritis, donos de toda a
beleza. O Romance Grande Sertão: Veredas é considerado um dos 100
livros mais importantes da humanidade.]
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