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Crédito da ilustração: www.dicasfree.com
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As duas melhores definições sobre minha profissão:
- o/a jornalista é um/a profissional
especializado/a em porra nenhuma;
-o/a jornalista é um/a
profissional que ganha a vida para falar mal dos outros.
Com as exceções de praxe, normalmente o jornalista (seja
homem, ou seja mulher) tem uma tendência à humildade, ao reconhecer que ele/ela
não é especializado/a em coisa alguma.
Pelo contrário: até por definição, jornalista é generalista.
O mais bem acabado anti-jornalista brasileiro que conheci
foi um gaúcho de Passo Fundo, chamado Tarso de Castro, hiper-especializado em
Chico Buarque de Holanda.
Ai de quem se atrevesse a falar do “muso” da MPB que o
gauchinho soltava os cachorros, as frangas, os papagaios e outros bichos mais.
Quem entendia de Chico era ele, e estávamos todos
conversados e concordes.
Justo Chico Buarque de Holanda que por diversas vezes se
recusou a dar pitacos sobre assuntos os quais não conhecia.
Ah... a academia
Já no meio acadêmico a história é outra: todo mundo é
especializado em alguma coisa, até o porteiro e o guardador de carros.
Ai se você discordar, ou contrariar tanto entendimento e
saber. O fogo do inferno será fichinha perto do que você vai ouvir e terá de
aguentar.
A única coisa que não consigo entender é como o mundo anda
tão confuso e violento com tanto saber e tantos sabichões espalhados por aí.
Em 1988 escrevi um artigo num jornal de Manaus cobrando de
um professor e médico hiper especializado em alguma doença tropical qualquer, e
que se tornara reitor da Universidade do Amazonas, cobrando dele que o mais
sensato seria abrir as porteiras do gueto da UFAM e olhar de frente, especialmente,
para as populações mais carentes da capital e do Estado.
Ele ficou puto da cara e escreveu um texto desaforado destinado
a este pobre ignorante que lhes escreve.
Quem me entregou o texto foi um aluno da Universidade, seu
amigo, com a exigência de que o jornal para o qual eu trabalhava publicasse “imediatamente
o direito de resposta”.
Disse que não publicaria não, pois o texto estava pleno de
erros de português, e que se publicado deporia muito mais contra ele do que
contra mim.
Ficamos concordes nisso. O texto nunca foi publicado.
Besteiras &
Bobagens
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Crédito da ilustração: pchae.blogspot.com
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Para os hiper especializados em alguma coisa todos os outros
hiper especializados em alguma coisa e nós que não somos especializados em
porra nenhuma só dizemos e escrevemos besteiras e bobagens, coisas as quais
eles não levam em consideração exatamente por serem um amontoado de besteiras e
de bobagens.
Às vezes eu os imagino como o He-Man: “eu tenho a força” do
saber.
A única coisa que gostaria de saber, já que não consigo
realmente entender por que o mundo é tão confuso e violento, com tanta gente de
saber solta por aí, é por que essa gente sempre está a reclamar dos salários e da
carga de trabalho.
Vá lá que a ciência médica, por exemplo, até hoje não deu
conta de um simples resfriado – os resfriados desde os tempos dos dinossauros continuam
a nos trazer transtornos e dores de cabeça -, mas caramba, por que, com tanto saber
assim, ainda não se deu conta de coisas mais prosaicas como salários e carga de
trabalho?
Vá entender essa gente!