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Crédito da ilustração: jornal Hoje em Dia |
Leio sem qualquer surpresa no perfil de alguns nas redes
sociais que o governo tailandês deu um jeito nos traficantes/usuários de
drogas, matando a maioria.
Não deu. Essa é mais uma das mentiras que circulam pelas
redes sociais, mas que servem para apascentar mentes doentias, gente que odeia
o semelhante e queria um mundinho à sua imagem e semelhança: leia-se branca, de
classe média, cristã-ocidental.
Tivesse dado o regime tailandês o jeito que os odiadores
queriam que desse era o caso de uma intervenção das forças de paz da ONU.
O que essa gente quer mesmo é que a polícia brasileira, que
já mata aos borbotões, matasse traficantes e usuários a rodo por aqui, para que
eles, os odiadores, levassem uma vidinha tranquila e medíocre como é medíocre
toda tranquilidade.
Nossa culpa, nossa
máxima culpa
Por descuido dos humanistas, categoria na qual me incluo, e
desde os tempos de FHC na presidência, se fez “ouvidos de mercador” para a
crescente onda de intolerância neste Brasil Varonil, crescimento turbinado por
conta das três governanças petistas.
Essa gente, os odiadores, não admite que índios, pretos,
pobres, putas, gentes das periferias cresçam e apareçam. Querem-nos nas franjas
do capitalismo como mão de obra desprezível e descartável, mas também omissa e
cordata.
Acreditamos, infantilmente, que a civilização vem por osmose
ou como uma consequência natural do evolucionismo darwinista.
Não vem. Ela deve ser buscada e encontrada, e imposta, como
quase sempre é o caso, mesmo que seja a ferro e a fogo.
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Crédito da foto: www.metro.org.br
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O caminho para extirpar de vez (se isso for possível) o ódio
na sociedade está na inteligência."Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura
jamás"
(Che).
Boto,
porco, macaco
O boto
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Crédito da foto: ercioafonso.blogspot.com
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Descontando-se o seu histórico bastante
nebuloso e um bocado violento, o ex-político amazonense, Gilberto Mestrinho, teve
uma jogada de gênio: transformou uma pecha depreciativa em sua marca pessoal: o
boto.
Tenho pra mim que a ideia não partiu de
Gilberto “Boto” Mestrinho, mas de um de seus assessores, um jornalista de nome Ibraim,
que era um daqueles gênios perdidos nas profundezas da Amazônia.
O boto (tucuxi) é um encantador de mocinhas;
uma justificativa para a gravidez mal explicada. Mestrinho era um desses, mas
surpreendeu o mundo político local ao adotar o mamífero como seu símbolo.
O porco
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O infindável arsenal de preconceitos das
elite e subelite brasileiras não perdoa cor, credo e raça. A italianada sofreu
um bocado em São Paulo e para onde foi neste país.
Da raça porca, que não gostava de tomar
banho, a coisa debandou-se para as torcidas de futebol, e os palmeirenses (e o
time) foram tachados rapidamente de “porco”.
Torcida primeiro, o time depois, assumiram o
porco como símbolo e destruíram o preconceito dos contra.
O macaco
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Crédito da foto: espn.uol.com.br
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O “bom baiano” Daniel Alves (Barcelona) teve
uma sacada espetacular ontem: apanhou uma banana que lhe era atirada e a comeu
antes de bater um escanteio.
A banana seria “comida de macaco” e como
preto, Dani Alves é um macaco.
Neymar, do também Barcelona, reagiu dizendo
que “somos todos macacos”.
É uma grande saída essa mostrada pelo baiano,
que além de tudo tem o bom gosto de ser são-paulino... tem em termos, pois
são-paulino que se preze é preconceituoso e racista.
A ato de Dani Alves deveria se espalhar pelo
mundo e ser adotado pela Fifa e Confederações no combate ao racismo.
É preciso encurralar os odiadores,
destratá-los, desmoralizá-los com inteligência.
Daniel Alves abriu o caminho. Resta que o
sigamos.