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Crédito da foto: wwwterrordonordeste.blogspot.com
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O programa Roda Viva (1986), da TV Cultura de São Paulo, nasceu na esteira da
música de mesmo nome, de Chico Buarque de Holanda (1967), e da peça de teatro
homônima do autor, de 1968.
Seria um contraponto – e foi por
muito tempo – às diabruras da Ditadura Militar, que entre outras mazelas
legadas ao povo brasileiro censurava da imprensa.
Em alguns momentos de sua existência,
o Roda Viva da TV Cultura foi um
verdadeiro tribunal popular contra os malfeitos do governo e dos poderosos.
Nas suas idas e vindas, e envelhecimento natural, o Roda Viva chegou ao fundo do poço (se é que poço no Brasil tem fundo) e o programa de ontem, com Romeu Tuma Júnior, foi o fundo do fundo do poço cavado no deserto de Atacama.
Mas é bom aguardar, pois o programa pode nos reservar algumas surpresas para o futuro.
Capitaneado pelo insofismável Augusto
Nunes, que foi coadjuvado por Ricardo Setti (ambos da revista Veja... ó coincidência!), o programa se propôs
a desvendar as entranhas acusatórias do livro “escrito” por Tuminha: “Assassinato
de Reputações: um Crime de Estado".
Peraí! O Tuminha disse que o “Assassinato...” não é uma peça de acusação, mas de defesa.
Já voltamos a isso daqui a pouco.
O programa teve de tudo.
Teve até a dupla de policiais de cinema – o policial bom, Setti, e o policial mau, Nunes.
Contra Tuminha? Não contra os outros colegas da bancada (eram mais quatro jornalistas, mas não vou declinar os seus nomes aqui não. Já não basta o aperreio pelo qual passaram ontem à noite?).
E teve corredor polonês – Nunes e Tuminha – que aos berros e com palavrões interrompiam os coleguinhas que ousavam questionar o laborioso “polícia” sobre provas que ele teria para embasar o seu livro acusador.
Peraí... Tuminha falou que não é livro de acusação, mas livro de defesa.
Então vamo que vamo.
Não viu? Não veja
Quer saber: se você não assistiu ao programa nem perca tempo.
A menos que você seja um daqueles crentes fervoroso, um fanático descabelado... aí é outra história.
E quer saber mais? Nem dá para perder tempo com o livro e com o programa.
Mas antes devo voltar (como o prometido acima) à questão de ser o livro uma peça de acusação ou de defesa.
Se é apenas de defesa, já que o laborioso “polícia” diz ter a sua reputação manchada durante sua passagem pelo primeiro governo de Lula da Silva, o que estão fazendo no livro “informações” (sic) de que o ex-presidente foi dedo-duro da Ditadura ou que um grupo ligado a José Dirceu matou o prefeito Celso Daniel, e outras preciosidades literárias?
Por acaso, quando se “manchou” a reputação do bravo “polícia” se acusou o bravo “polícia”, por exemplo, de matar Celso Daniel a mando de José Dirceu?
Ou o bravo “polícia” de levar Lula da Silva à força e sob tortura para dentro do Dops para dedurar a “companherada”?
Entendeu? Você consegue ver alguma conexão entre a baba do lobo da estepe e a fuligem expelida pela chaminé de uma fábrica em Cubatão?
Nem eu!
Preocupação
Mas o que me deixou preocupado não foi nada disso.
Foi saber que o “Assassinato de Reputações: um Crime de Estado" já vendeu 60 mil exemplares.
Isso é algum tipo de epidemia?
E o Ministério da Saúde não toma qualquer providência para contê-la? Vai que ela se espalhe por todo País e avance para os países vizinhos?
Não está na hora de pedir ajuda à Organização Mundial de Saúde e à ONG Médicos Sem Fronteiras?