Extraordinário artigo (“É a conjuntura, estúpido“) do jornalista,
escritor e doutor em História Social, José Arbex Jr.,: “Conjuntura no Brasil pode
desembocar em crise revolucionária”, para o Vi o Mundo - http://www.viomundo.com.br/politica/jose-arbex-jr-conjuntura-no-brasil-pode-desembocar-em-crise-revolucionaria.html.
Arbex mata a mosca e mostra o pau: Lula se esconde e, de
vez em quando, fala, mas parece não saber do que está falando, e da enorme
responsabilidade sua e do PT na atual crise (de identidade?) pela qual passa o
País, e que desembocou nas manifestações de rua, que não devem parar tão cedo,
e devem receber um plus tanto em razão da visita do Papa, nos próximos dias,
quanto da realização da Copa do Mundo, no ano que vem.
O texto na íntegra pode (e deve) ser acessado no link acima.
Abaixo algumas passagens relevantes do artigo de Arbex:
[A resposta (às manifestações) está na conjuntura. Não
está na vontade dos dirigentes partidários, sindicais, dos movimentos
sociais e nem mesmo do MPL – que foram tão pegos de surpresa quanto qualquer
outro cidadão. Não está em manobras e articulações palacianas, nem da “direita”
nem da “esquerda”.]
[Lula está certo, ao dizer que a juventude quer mais. O
Programa Bolsa Família, o aumento real do salário mínimo, os programas de inclusão
social (como o Luz para Todos), na esfera da educação (como o Prouni) e o da
casa própria (Minha Casa Minha Vida) colocaram milhões de brasileiros na esfera
do consumo, a qual foi artificialmente ampliada ao máximo com a concessão de
créditos fáceis aos consumidores.]
[O que Lula não diz em seu artigo é que boa parte dos
problemas que hoje afligem a população brasileira também é resultado das
políticas adotadas pelo seu governo e mantidas por aquela que preenche os
contornos de seu espectro refratado no Planalto, a senhora Dilma Rousseff.
Lula não diz, por exemplo, que o programa Bolsa Família
equivale a escassos 10% do total dos juros da dívida pública anualmente pagos
ao capital financeiro; que os investimentos feitos pelo governo federal em
educação e saúde são um dos menores do mundo, quando comparados ao PIB; que o
governo adotou uma política irresponsável de promover o crescimento econômico
com base no endividamento das famílias, que hoje enfrentam o fantasma da
inadimplência; que, ideologicamente, o lulismo privilegiou uma concepção
neoliberal que confunde “progresso social” com “enriquecimento dos indivíduos”,
assim criando um abismo intransponível entre o eventual maior bem-estar que
cada família passou a experimentar da porta de sua casa para dentro e o
desastre absoluto verificado da porta para fora (insegurança, medo, poluição,
caos urbano, guerras entre gangues, etc.); e que o ”lulismo” transformou o PT e
a CUT, símbolos das esperanças que mobilizaram milhões de brasileiros no final
dos anos 70, em condutos forçados de negociatas do mercado persa chamado
Congresso Nacional.]
[Mas rimar paraíso financeiro com ordem social não será mais
possível no Brasil. O capital não pode abrir mão da taxa de lucros, ainda que
isso signifique pressionar o governo para arrancar da população as poucas
conquistas sociais já alcançadas (por exemplo, com investimentos ainda menores
nos setores de educação e saúde, para assegurar a remuneração do capital, por
meio do superávit primário).]
[A mediocridade da oposição “de direita” e a impotência da
“esquerda” ainda dão fôlego ao governo Dilma, que, claramente, oscila ao sabor
dos acontecimentos.’]
[Em seu artigo (no New York Times, ontem), ele acena com a
necessidade de uma “transformação profunda do PT”. O que isso significa, talvez
nem o próprio Lula saiba. Ainda.]
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